terça-feira, 8 de abril de 2008

A OPINIÃO DA CRÍTICA



“Nem a cultura, nem a sua destruição são eróticas: a fenda entre ambas é que se torna erótica”.




R. Barthes



Frustaram-se aqueles que movidos por um racionalismo intransigente, por parvoíce trocista, heroísmo doméstico-conjugal, ou “voyeurismo” idiota e até mesmo por um certo moralismo político de última hora, tentaram destruir ou escarnecer o espectáculo travesti do Scarllaty Clube.



Na verdade, voluntariamente, o travesti sentou-se no banco dos réus, ao apresentar-se pela primeira vez em palco, há três anos, com o show “Obrigado Lisboa”. O público ouviu através de espectáculos sucessivos o seu depoimento e ditou a sentença: Foi condenado a viver!



O espectáculo de travesti de Guida Scarllaty apresenta-se com uma nova linguagem, uma estrutura diferenciada no mundo do espectáculo. O facto de não se pautar pelas regras canónicas do teatro ou do espectáculo de variedades tradicional, não constitui razão para ser vilmente dilacerado ou atirado para o “ghetto”. O Travesti, enquanto espectáculo (revolucionário) onde a ambiguidade se apresenta com um discurso identificável com a própria sociedade, é incontestavelmente “Arte de Representar” e vive como Music-Hall que é. Não é possível justificar aqui a validade do travesti, em termos históricos, nem tão pouco podemos alinhar os seus fundamentos sociais e psicológicos. Sabe-se que a origem da sua trajectória se perde nos tempos, conhece-se o seu esplendor nos tempos clássicos, e também as suas mortes clássicas.



Porém não cabe nestes centímetros destinados à apresentação de um novo espectáculo do Scarllaty Clube, referir esses aspectos. Limitámo-nos nestas breves linhas, a sugerir uma leitura atenta do novo show “Good-Bye Chicago” concebido e realizado por Guida Scarllaty libertada da lógica excessiva, fundamentada nos valores sociais em vigor, bem ao aperto de censuras acumuladas.


Meira da Cunha (Jornalista de “A Capital”) Outubro 1978









“... O trabalho apresentado no Scarllaty Clube é francamente bom e, pelo que observamos na assistência que esgotava a sala, agrada à esmagadora maioria. Guida Scarllaty está de parabéns”.

Vera Lagoain Semanário “O Diabo” de 28/06/77


“.... Guida Scarllaty” esteve num dos seus melhores dias de actor em travesti, executando um “Play Back” notável e apresentando o espectáculo com grande desenvoltura e sentido de humor...”

Heitor Patoin Jornal “Edição Especial” de 04/12/77






“... Show” de vincada tradição em toda a Europa, o espectáculo de travesti ganha agora estatuto e enorme adesão em Portugal. O Scarllaty Clube foi adaptado-o generalizando, vencendo os preconceitos, até chegar ao sucesso”.

In Jornal “A luta” de 28/10/76


“... O ambiente do “Scarllaty” é integralmente diferente das demais casas do género. Experiência bem distinta, o Scarllaty merece uma visita. Reside ali uma preocupação de espectáculo comprometido com a tentativa de qualificação artística...”

Lauro Antónioin Jornal “Música e Som” de 24/02/77




“O espectáculo é invulgarmente divertido. Verdade e honra lhe desejam feitas, Guida Scarllaty trouxe o travesti para Portugal!”

Maria Elvira Bento in Revista “Nova Gente” 15/10/77


“Com a recente, tão esperada, democratização (também) dos costumes, Lisboa abalança-se na experiência de mais um passo para o moderno. Falamos neste caso de um novo show no Scarllaty Clube que vimos e gostamos, e de onde saímos divertidos...”

Carlos Plantierin Revista “Século Ilustrado” 31/01/76




“... No Scarllaty Clube, em Lisboa, o show é uma espantosa feérie, luxuosa, magnífica, digna de qualquer grande capital como Paris, Londres ou New York. Guida Scarllaty é hoje a grande estrela do espectáculo de music-hall em Portugal”...

Silva Nobrein Semanário “A Barricada” 01/10/77


“... Um cheirinho político (da esquerda) incomoda o travesti do Scarllaty”...

In “Diário Lisboa” 22/2/78


“O Scarllaty proporciona-nos um espectáculo diferente. Está no seu ritmo de apresentação um facto de importância Fundamental. CARLOS FERREIRA (aliás Guida Scarllaty) atinge o êxito com um espectáculo equilibrado, muito divertido e despretensioso”...

João Garinin Jornal “O Dia” 27/02/78








“... Aliás, o “Scarllaty Clube” é “Show” desde a porta de entrada até à minúscula pista, luzes, tudo é “This is entertainment”, pois ali o esplendor do show, todo o seu “Feeling” foi construído na base de quem sabe, sente, vive, respira “show”.



E há-de morrer em “Show”.


Domingos de Azevedoin Jornal Semanário “O Tempo” 25/02/78

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