Em 1976, Guida Scarllaty protagoniza uma das maiores rábulas de sua carreira, apresentando a candidatura no Hotel Embaixador, em Lisboa, às Eleições para a Presidência da República, satirizando os militares e políticos que detinham o poder.
Numa surrealista Conferência de Imprensa repleta de um batalhão de jornalistas e fotógrafos, apresentou-se vestida de "generála de sete estrelas" e assume-se como a "candidata de todos indecisos!". "Votem em mim, que eu divirto-os e satisfaço a todos!", era o seu slogan. Dessas eleições, saiu eleito Presidente da República o General Ramalho Eanes, e viviam-se então anos de muita criatividade, com a artista de sucesso em sucesso. São dessa época espectáculos como 'Obrigado Lisboa', 'Vivre La Folie', 'As Meninas do Vira-que-Virou', 'Bonecas de Luxo', 'Virgens à Portuguesa' - entre outros, e o grande sucesso que esteve mais de um ano em cena - o espectáculo 'Goodby Chicago', considerado pela crítica como o "Melhor Espectáculo do Ano". Sucessos atrás de sucessos. Ao fim do 1º. Ano de existência, as pessoas começaram a fazer toiletes para assisrtir às estreias e às festas do Scrallaty Clube, quando ‘vestir bem’ significava ser burguês ou fascista.

Na época, o Scarllaty Clube ganha o Prémio da Casa da Imprensa para o melhor espectáculo do ano com "Goodby Chicago", (na foto em baixo) baseado numa peça musical em cena na Broadway, Nova Iorque, e que recentemente deu o filme "Chicago", com a ousadia do jornalista Neves de Sousa a incluir o travesti de Guida Scarllaty na Grande Noite do Fado, no Coliseu dos Recreios (1978), em Lisboa, onde lhe foi entregue o prémio. (Sic. Livro de Manuela Gonzaga).
Em 1980, Guida Scarllaty declarava á imprensa inspirar-se nos seus trabalhos em duas grandes atrizes que tinham sido símbolos marcantes na sua juventude na arte de representar: a inesquecível comediante portuguesa Laura Alves e a sex-simbol do cinema americano Mae West. Recebeu diversos prémios de interpretação, tendo sido considerado o melhor ator comediante do ano com o Prémio da Imprensa em 1978, atribuido pela Casa da Imprensa de Portugal. Para além do Café-Concerto Scarllaty Clube onde actuava regularmente, Guida Scarllaty passou a atuar também nas melhores casas de espectáculo de Portugal, Teatros e Casinos, percorrendo o país sempre como convidado especial de grandes espectáculos de variedades, participando igualmente como atração de luxo em diversos espectáculos de Revista Musicada Portuguesa no famoso recinto chamado Parque Mayer, a pequena Broadway de Lisboa.
Nos anos 80 dá-se o apogeu da carreira de Guida Scarllaty com convites para actuar e aparecer em tudo que era lugar e moda. Acontece mesmo um episódio inédito entre artistas, que ilustra bem a sua popularidade e a dificuldade de lidar com o mediatismo: na época, 'Nova Gente' era a revista 'cor-de-rosa' mais lida de público, artistas e famosos. A sua directora Maria Elvira Bento marcou uma entrevista com Guida Scarllaty á qual estava destinada a 'capa' da edição. O mestre fotógrafo José Marques marca sessões de fotografia, às quais Guida Scarllaty falta sistemáticamente... Atrazos de vedeta!

Que se saiba, foi a primeira - e única artista, a 'voltar costas' à fama que uma publicação dessas na época ainda mais lhe poderia grangear, a ambição de qualquer artista: ser 'manchete' e capa de revista!.
'Ela' confessará mais tarde: "nesse momento, era já um problema muito desconfortável para mim lidar com a popularidade quando saía á rua. Eu não nasci para ser famoso(a).
Aconteceu por acidente de percurso, e isso só me agradava quando pisava o palco. O resto já não me interessava".
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